Numa cena de novela, outro dia, o mesmo texto: mulher recém-separada, declarando-se apaixonada feito... feito o quê? Feito uma advogada, feito uma manicure, feito uma professora? Não, feito uma adolescente. Qualquer pessoa que já se considere carta fora do baralho do amor, quando se cruza com alguém que seguiu à risca os conselhos do "personal paquera" e recebe uma "cantada", logo fica nostálgica e pensa: "ah, se fosse nos velhos tempos!".
Os adultos agem como se apenas nós adolescentes tivessem o direito de vibrar. Como se nadrenalina correndo nas veias, fosse um direito exclusivo deles. Como se homens e mulheres não pudessem divertir-se, não pudessem azarar sem compromisso, não pudessem presentear-se com instantes de total curtição. Quem declarou que isso é um desajuste?.
Velhos tempos?? Mas que bobagem!
Está na hora deles reconhecerem que entusiasmo não é coisa de adolescente: é coisa de gente grande também. Que insistência tola a deles ao afirmar, cada vez que vivem algo novo e excitante, que estam em surto de adolescência. Isso, sim, é falta de maturidade. Os com maturidade de verdade sabem que estão sujeitos a vibrações em qualquer idade. Alguém está morto aí? Se estiver, não responda que tenho medo de fantasma.
Sei que é difícil mudar um hábito, mas vou tentar nunca mais dizer que um entusiasmo é "coisa de adolescente". É desrespeito com os adolescentes, porque dá a entender que tudo o que lhes acontece é frugal e sem consistência.
E um desrespeito com vocês: se pensarem que já viveram tudo, que não há mais surpresas nem vertigens pela frente, que graça terá acordar amanhã de manhã?